Oráculo: me faço fragmento para ser reconstruído [1]
Oráculo: É a resposta que uma divindade dá, para aqueles que vão até ela em busca de uma resposta sobre um assunto.
Refaço meus passos ao som do Oráculo, a ampulheta do tempo continua correndo, e ao ver a areia descendo entendo que o presente é efêmero, as facetas desenvolvidas por causa das mazelas sofridas da vida ainda doem, por isso descobri que cicatrizes revisitadas não são fechadas e nem saram.
Aguardo em silêncio para ouvir o divino e a partir do oráculo recebido tento reconstruir tudo que foi perdido, é uma arquitetura abandonada, são prédios esquecidos e construções esfareladas ao lado de um futuro fragmentado.
Então paro e penso, onde estão os pedaços? Os restos dos retratos? Que capturaram o eterno momento tão passageiro em que sorrir era a minha alegria do momento.
Efêmero, efêmero, efêmero, tão passageiro quanto o tempo.
Dizem que o tempo é rei, como se fosse o Presley, mas a verdade é que rei é o Hendrix, que há muito se tornou lembrança e arde como a chama da vingança, por isso peço para minha alma ser franca, e dizer, o que te abate, alma cansada?
O tempo não é rei por aqui, as mazelas que te feriram ainda habitam aqui, onde fortemente rejeitam voltar para o abismo do esquecimento, mas encontraram prazer em me consumir por dentro.
Visceral é a dor que eu sinto, que afeta o meu raciocínio e me joga no chão fazendo com que eu implore por uma salvação, um acalento, um coração, uma alma disposta a estender a mão e gravitacionar para longe de mim essa solidão.
Busco uma esperança além das estrelas, onde todos olhares nus, não conseguem alcançar, onde o ceticismo não consegue chegar, onde as minhas mãos não conseguem tatear, mas algo como a fé pode as portas destrancar e trazer outra vez, a esperança perdida de volta para casa.
Me faço fragmento para ser reconstruído, e assim, será trazido a mim, à memória do que um dia quase foi esquecido, tudo aquilo que pode dar esperança.
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