Há tanto tempo que não me importo com o tempo

Bruno Mendes
3 min readFeb 24, 2022

06horas da manhã. e é a quarta vez que o celular desperta me avisando que estou atrasado. na verdade, preciso confessar... é o quarto dia seguido que estou saindo atrasado de casa, aff, maldito hábito.

Se existe um hábito que nunca desejei ter é esse, de tornar comum as más práticas, os péssimos costumes. desenvolver uma vida toda desajeitada. percebi que a vida é uma valsa ao som dos desajustados.

em meio a desajustes e desencontros, outra vez o celular desperta e me avisa que é 06h15. esse toque me lembra que não posso continuar nessa vida onde me distraio fácil com meus pensamentos. mas também, que mal tem? faço isso para que o meu pensar mate as frustrações internas. tem dias que a minha mente é o melhor lugar para se estar. ás vezes.

olhei para o relógio e droga! 06h30, acabei de passar o café. Tudo na minha vida está no automático, nem ao menos paro pra admirar o aroma dos grãos queimados que vão se divertindo pelos quatro cantos da casa. Foram-se os dias em que era prazerosos passar o café.

ps: odeio tomar café correndo. Já não basta a vida, as pessoas, o mundo inteiro lá fora com suas buzinas e gritarias. e agora, por alguns minutos me torno aquilo que sempre jurei não ser..... o desprezo pelo momento e pelo ordinário acontece quando corremos, corremos e corremos para os compromissos e futilidades da vida. tudo é tão efêmero, pueril e pó. que dó, poderia por favor o destino desatar os nós de nós?

É oficial, 06h55, pedi o Uber as 06h31 e até agora nada, sei que deve estar rolando alguma lição sobre “do que adianta correr” e blá blá blá. o ritmo que impomos na verdade não é o mesmo do dono do tempo, se Ele quer ensinar alguma coisa, devemos aprender, eu sei e você sabe que a vida é mais que problemas, bobeiras e doideiras, a vida apenas é. seja do jeito que desejamos ou não.

07h05, pode ser cômico e trágico ao mesmo tempo? ás 07h06 o Uber chegou e desci correndo, entrei no Uber e vi que estava descalço....droga! que bizarro... peguei minhas coisas e subi correndo — peguei minhas coisas é lógico, não ia deixar com o motorista cinco estrelas, afinal, as estrelas são com pessoas, não em livros —, meus pés molhados com folhas grudada no pé — ontem choveu muito e as folhas das árvores estão espalhadas por todo corredor—, ri um pouco enquanto subia a escada — sempre tive esse senso do meu pai, de não se estressar tanto com coisas imprevistas que acontecem, ao invés de gritar ou chorar, eu dei uma baita risada — e ao mesmo tempo esbocei uma cara de bravo e decepção ao mesmo tempo. que manhã!

07h30, cheguei no trabalho. Vamos pra mais um dia e espero que ele seja tão inesperado como foi hoje de manhã.

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Bruno Mendes

Da comunicação teço narrativas que nos levam a pensar não apenas sobre o aqui, mas sobre a eternidade.