O QUE TEM NESSA MOCHILA, MENINO?

Bruno Mendes
2 min readOct 23, 2021

--

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês. Mt 11:28

A folha em branco assusta. Quantas vezes não foi doloroso pensar em palavras que tivessem as formas certas para me ajudar a expurgar daqui de dentro o que me atormenta. Sinto que a luz de emergência já acendeu. É desesperador quando estou naqueles dias que parece impossível encontrar as palavras para expressar aquilo que se sente através do que se escreve e encontrar a calmaria.

O dia já está indo embora e lentamente abre espaço para a noite, mas ainda consigo contemplar uma dança. Do terceiro andar eu vejo o pôr do sol como se eu estivesse em um camarote. É uma vista muito privilegiada.

Vejo o laranja espalhado por todo azul que aos poucos deixa de ser claro e se torna marinho. Ao fundo eu vejo o frio roxo se envolvendo aos poucos e pedindo espaço para entrar nessa valsa e se envolver na dança. As cores dançam alegremente lá fora, e sinto inveja…. como eu gostaria de sorrir e dançar aqui dentro também.

Preciso de uma mochila para colocar nela todas as minhas ansiedades e amarguras, preciso de uma mochila grande, para colocar também as minhas tristezas e alegrias. Preciso de ombros fortes, para saber que esse fardo que guardo, eu que devo carregar. Mas às vezes me falta força, ainda assim, tem dias que apenas contemplar essa dança pelo terceiro andar me faz desfazer as malas e ficar por aqui mesmo.

Falhei outra vez. Tirei as coisas da bolsa, fui até a cozinha colocar água para passar um café, quem sabe assim a cafeína manda embora essa triste letárgica.

— Histórias que escrevi no terceiro andar.

--

--

Bruno Mendes

Da comunicação teço narrativas que nos levam a pensar não apenas sobre o aqui, mas sobre a eternidade.