O que me mata por dentro.

Bruno Mendes
3 min readMar 4, 2023

Me lembro de uma vez dizer a mim mesmo que nunca mais voltaria a cometer erros tão bestas e banais. não me surpreende saber que não tive capacidade e muito menos forças para cumprir isso.

O caos que reside em mim fez com que restasse apenas uma paisagem morta. o lamento me rodeia, o turbilhão de sentimentos banhados em frustração me acompanham e não importa o que eu faça eles não vão embora, são resolutos em ficar.

Os erros são comuns da vida, né? não errar, nunca foi uma escolha, estamos expostos a isso, ao erro, a mágoa, as faltas e tantas outras desgraças que não vale nomear, mas no fim, tudo não passa da teoria da moeda, certo? tudo tem seu lado, a perspectiva dita o nosso amadurecimento e o quanto se pode extrair da situação…. mas, o que dizer quando me olho no espelho e minha vida passa diante dos meus olhos e sou obrigado a assistir diversas vezes eu cometendo os mesmo erros? É aquele filme de terror que você se recusa a ver outra vez, mas cá estou eu…

Isso não cansa? perguntariam… bem, eu estou completamente esgotado, mas sempre penso que desistir não é uma opção, os pecados e mazelas são muitos, mas seu eu apenas desistir o que será de mim? aliás, o que será dos outros? um pensamento mais comunitário e solidário, diria… e me volta a pergunta… mas e quanto a mim? essa paisagem morta e sem perspectiva á qual sou obrigado a lidar, ver e regar todos os dias, mesmo sabendo que nenhuma vida vai brotar. essa falta de alegria? a falta de forças? o pé atrás em saber que no futuro já esta reservado o momento de errar outra vez? Maldita repetição…

pergunto a mim todos os dias, até quando eu vou continuar assim, pudera eu resetar tudo, dar um fim, mas seria apenas uma fuga…

penso que o terror passado aqui, ainda é um céu quando penso no pós morte, pós vida, eternidade, essas coisas, sabe?

o que trilhamos agora é passageiro e plantador. uma hora acaba e quando isso acontecer, colheremos tudo que foi plantado. cada choro, cada lágrima, cada ofensa, cada maldade, cada rancor, cada ódio, cada palavra, tudo.

seremos julgados segundo as nossas obras, segundo a nossa vida, segundo nossos pensamentos, segundo os nossos corações, segundo as nossas vontades, segundo tudo aquilo que amamos, desejamos e queremos.

Quanto a mim? penso que o que me mata por dentro sou eu mesmo. é um clichê? sim, mas sou meu próprio vilão, o interessante? é que não posso ser o meu próprio herói.

não sou e nunca fui um salvador, ao contrário, eu preciso muito é ser salvo, salvo de mim mesmo, das inconstância, temores, ignorâncias, e até mesmo alegrias que arranham o que sou e o que eu já fui. O que me mata por dentro é o que eu queria ser e não consegui, o que me mata por dentro é não ser o que eu deveria e sim me transformar em algo completamente oposto.

O que me mata por dentro?

são tantas coisas que não sei explicar, mas que diante de um céu tão imenso, um universo tão vasto ainda sinto a pequenez de todos esses meus “problemas”

O que me mata por dentro? são tantas coisas . O que me mata por dentro? não muitas coisas. o que me mata por dentro? o que reside fora. O que me mata por dentro? a carência de uma reforma.

mas e você, o que te mata por dentro?

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Bruno Mendes

Da comunicação teço narrativas que nos levam a pensar não apenas sobre o aqui, mas sobre a eternidade.