Mas…. tudo é tão transitório

Bruno Mendes
2 min readFeb 25, 2022

mas quando os dias são lentos e frios, eu os chamo de azul turquesa. turquesa que emana tranquilidade, solidão e frieza, um vazio, falta algo, quando tudo é turquesa tudo me falta. hoje, tudo é azul, sem muita expectativa, sem avanço, sem um horizonte, nem um risco ao longe para gritar “terra à vista marujos”. embarcação furada, sou o capitão e os marinheiros meus pensamentos. forças me faltam, a tristeza se acumula e o desespero aumenta e o desejo de ir para além do tempo é grande.

mas o que tem além do tempo? o que existe além do daqui e agora? eu preciso confessar que estou em três tempos, sou transitório do presente para o futuro, moro também no passado e fujo muito do presente.

mas qual a razão disso tudo eu me pergunto? estou a questionar a minha própria consciência, pergunto a minha alma a razão de estar tão agitada, ás vezes me pergunto mas não encontro respostas. é tudo um grande vazio inexplicável diante de mim que felizmente me consome.

mas como ocultar e não externar esse ensejo de ir para além do tempo? além do tempo, além da vida, onde as horas desse mundo não são nada. se tivesse nascido um pouco antes séria um grande escritor com o rotulo de pessimista. ou melhor, um grande escritor, não, mas um grande pessimista, sim.

mas há muito as expectativas na melhora do homem se foi, ela foi tão passageira como o vento que vem do norte e caminha para o sul. amigo. amiga. não existe esperança de um mundo que entra em curso, que é reajustado e as pessoas se tornam melhores. os olhares vazios, as mentes cansadas e os ossos doloridos acusam que estamos próximos a data de validade.

mas os olhos continuam a buscar um conforto no vento que bate na cara como um choque de realidade que tudo quem vem uma hora passa, mas essa vontade do além do tempo continua. as mazelas da vida, as lutas do cotidiano, o desamor e esfriamento de todos, o deslocamento de estar onde eu não me sinto em casa.

mas é agora que sento e choro e pergunto, e se lá, no além do tempo eu me sentir fora de curso? fora do lar? A grande pergunta será, onde na verdade eu devo estar para me sentir no lar?

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Bruno Mendes

Da comunicação teço narrativas que nos levam a pensar não apenas sobre o aqui, mas sobre a eternidade.