Dias frios, olhos sem brilho, café para se expressar, fé e o acalento de um velho conhecido.

Bruno Mendes
2 min readAug 18, 2021

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// Sinto que um velho conhecido me molda. Eu não o vejo, mas aquele velho e duro coração aos poucos vai embora.

As folhas no chão da cidade alertam que em breve a decoração ficará mais intensa, o outono está às portas, os dias frios logo chegarão, as toucas, blusas e luvas sairão para passear e ver um fim de tarde …finalmente.

Acredito que em um quadro do Picasso ou melhor, Van Gogh — vejo ele com mais sensibilidade para retratar dias assim — esse dia seria perfeito. Mas ao voltar para a realidade esses dias frios acompanham muitos olhos sem brilhos. — As pessoas na cidade andam sobrevivendo e se esquecem do que é viver.

Dias frios, olhos sem brilho e o aquecimento de uma frieza que letargicamente avança e toma conta aqui dentro — Percebi que sofro do mesmo mal.

Eureka! — Alguém em pleno século 21 ainda fala isso? Enfim, foi isso que eu disse quando perguntei a mim mesmo do que adiantaria ter mãos aquecidas, corpo quente se por dentro sou como Escandinávia? — A frieza ao olhar para as pessoas e suas necessidades tem tomado conta de mim, a falta de amor fraternal, doador e abnegacional parece me deixar dia após dia… — Salva-me! Oh Senhor!

Olhos sem brilho. Ao me olhar no espelho notei que até as linhas de expressão me deixaram, como poderei agora me expressar?! Vejo e não posso fazer nada em relação a forma tão dramática com a qual a alegria se torna pueril.

Ao contrário do salmista que ao olhar para o céu sabe que é de lá que vem o seu socorro, temia olhar para o céu, porque de lá é que viria a minha condenação. Confesso que ao som da madruga sou lapidado friamente por mãos que não vejo, mas sinto que o coração de pedra que habita em mim aos poucos se esvai.

PS: Retalhos de um velho chamado Theodor.

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Bruno Mendes

Da comunicação teço narrativas que nos levam a pensar não apenas sobre o aqui, mas sobre a eternidade.